sábado, 1 de agosto de 2009

A Corte desembarca na Colônia. E São Gonçalo como estava?

A Corte desembarca na Colônia. E São Gonçalo como estava?

A transferência da Corte em 1808, para o Brasil, trouxe profundas mudanças à situação colonial, devido às medidas econômicas e políticas tomadas pelo príncipe regente, como a decretação da abertura dos portos, a assinatura dos tratados de 1810 com a Inglaterra e a elevação do Brasil a Reino Unido. Essas medidas oficiais são vistas como provocadoras que resultara na independência brasileira. Houve outras mudanças em outros níveis, tão intensas e influentes quanto as resoluções e decretos oficiais, contribuíram de forma decisiva para o estabelecimento de novos padrões sociais, sobretudo, para a ruptura da condição de país colonizado. A criação de órgãos públicos e o funcionamento da maquina burocrático-administrativa estatal propiciaram uma convivência com as autoridades, estabelecendo uma relação de maior intimidade da elite colonial com o poder. As novas instituições, a circulação de jornais e a criação de estabelecimentos de ensino, estimularam diferentes formas de sociabilidade. Essa relação cotidiana com a corte e com o aparato que a cercava estabeleceu alterações profundas na sensibilidade da elite brasileira, modificando suas concepções acerca do papel representado pela colônia até então e firmando, aos poucos, a noção que o Brasil poderia se autogovernar.

Rio de Janeiro: sede da monarquia.

Apesar das melhorias feitas pelo vice-rei no final do século XVIII, o Rio de Janeiro, em 1808, ainda era, na visão dos nobres portugueses recém-chegados, uma cidade precária: sem palácios, com ruas estreitas e fedorentas, esgoto a céu aberto, uma cidade suja e mal cuidada. A chegada da corte provocou uma serie de transformações. Charcos foram drenados, as ruas, depois de ampliadas, ganharam calçadas, por exemplo, a Rua Direita (atual Rua do Ouvidor) no centro do Rio de Janeiro, foi toda modernizada e novos bairros, como Glória, Flamengo e Botafogo, foram praticamente criados. Esse processo intensificou-se principalmente após a chegada da missão artística francesa, em 1816, quando a cidade começou a adquirir um ar europeu. Para se ter uma idéia do seu crescimento, basta observar o aumento populacional: o numero de habitantes da capital passou de cinqüenta mil, para cento e dez mil habitantes em apenas dez anos.

A chegada de D. João VI não transformaria apenas o especto da cidade. Houve a implantação de todo um aparato administrativo e político da metrópole, aproximando a elite local dos círculos de poder metropolitano, bem como os ritos e cerimoniais da corte. No livro: As Barbas do Imperador, de Lilia M. Schwarcz, (1998p36) nos conta: entraria no Brasil, também, toda uma agenda de festas e uma etiqueta real que, abaixo da linha do Equador, ganhou colorido ainda mais especial. Com efeito, vêm junto com a burocracia lusitana os te-déuns, as missas de ação de graças, as embaixadas, as grandes cerimônias da corte. A construção de monumentos, arcos do triunfo e a pratica de procissões, desembarcam com a família real, que tentou modificar sua situação desfavorecida repatriando, o teatro da corte e instaurando uma nova lógica do espetáculo que tinha entre outros, os objetivos de criar uma memória, dar visibilidade e engrandecer uma situação, no mínimo, paradoxal.

A presença da corte fez aumentar a freqüência dos festejos públicos, pois a monarquia aproveitava todos os pretextos para promovê-los. Eram, por exemplo, aniversários, casamentos, nascimentos (e até funerais) da família real, cerimônias cheias de pompa e luxo ás quais o povo assistia admirados.

A vida cultural e o movimento intelectual da cidade intensificaram-se. Criaram-se o Jardim Botânico , a Biblioteca Real, a Imprensa Regia , escolas e cursos superiores foram instituídos, jornais, e um maior numero de livros começou a circular. Aos poucos, os hábitos culturais foram mudando. Mais bailes e banquetes começaram a ser promovidos, principalmente quando a nobreza se propunha a receber algum membro da família real. O teatro São João foi inaugurado em outubro de 1813, e a partir daí, o Rio de Janeiro começou a receber diversas companhias européias de ópera. Além dos espetáculos teatrais, a sociedade carioca também promovia saraus literários, jogos de salão e pequenos concertos de câmara .

Os membros da elite financiaram obras publicas e filantrópicas, refinando suas vestes e gestos, comportavam-se como fidalgos. Nesse jogo de troca de favores, recebiam em contrapartida privilégios, terras, insenções , direitos de exploração, títulos e etc. Era uma espécie de aprendizado de participação no jogo político, vivenciando o centro do poder, interferindo nas decisões importantes. A vinda da corte provocou um choque cultural em vários setores da sociedade carioca, refletindo-se em pequenos detalhes da vida cotidiana, no convívio com a nobreza, nos visitantes estrangeiros, na influencia da moda francesa, nos novos costumes. Nesse sentido, a cultura torna-se um instrumento da política, e o conhecimento uma forma de poder.

As aparentes mudanças, no entanto não foram capazes de suprimir os velhos costumes, nem apagar completamente os traços característicos da velha cidade. Os antigos festejos de rua continuaram a se realizar, servindo de principal forma de entretenimento para as camadas mais pobres da população. Apesar do ar de civilidade que o Rio de Janeiro adquiria com os novos bairros, o cosmopolitismo dos viajantes, a variedade de produtos e as novas praticas culturais, ainda conservava muito da antiga cidade colonial. Pelas ruas se ouvia o vozerio das quitandeiras e negras de ganho, o soar dos tambores nos lundus e batuques, as brigas em torno dos chafarizes e os cânticos e rezas das festas religiosas de cunho mais popular, em que o sagrado e o profano se misturam como nas folias do divino Espírito Santo, ou na queima do Judas, nos sábados de aleluia.

As festas populares não eram bem vistas pelas autoridades, as diversões dos negros, escravos e forros. Apesar dos novos ares, os costumes dos escravos continuavam permeando as práticas culturais da cidade, lembrando concretamente quais eram os limites e até onde as mudanças podiam ocorrer. Se o gosto pelo luxo e pelo conforto se enraizava nos hábitos da elite, costumes que ela considerava rudes e grotescos persistiriam no seio do povo.

Obs: Com a vinda da corte, a elite do Rio de Janeiro redefiniu sua conduta. Começou a vislumbrar a perspectiva de juntar à sua força econômica a uma participação política maior.

Como estava a Freguesia de São Gonçalo em 1808, na ocasião da chegada da Família Real?

No livro São Gonçalo no Século XVIII ( Salvador da Mata e Silva-1998), nos conta o relatório do Marquês de Lavradio, oficial português que viveu no Brasil entre 1769 e 1779, diz o seguinte: “ Muito mais florescente era a freguesia de São Gonçalo, com 23 engenhos, produzindo 352 pipas de aguardente e 500 caixas de açúcar. O numero de escravos subiu a 952”. Mais adiante, o relatório acrescentava que não era somente a cana a única riqueza agrícola, mas que na freguesia também se cultivava mandioca, feijão, milho e arroz.

No livro “Memórias Históricas do Rio de Janeiro”, de autoria do Monsenhor Pizzarro, transcrevendo trechos e mencionado dados estatísticos antes de fazer observações sobre as plantações de cana-de-açúcar, cultivo de café e de milho, procurando estabelecer uma analogia com a agricultura das terras de Minas Gerais. Ao longo do século XVIII, vários engenhos se desenvolveram e várias capelas e oratórios foram eregidos. Estima-se que existiam cerca de 200 engenhos que produziam, além da cana-de-açúcar, cultivavam cereais. A produção agrícola em São Gonçalo foi muito importante para o abastecimento dos mercados da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, da Minas Gerais (por causa da mineração) e para a exportação para Portugal. No relatório ao Vice-Rei, registrava a produção média anual de 3.000.000 de arrobas de açúcar, contando com aproximadamente quase mil escravos distribuídos entre os engenhos. Outro fato importante segundo monsenhor Pizzarro, as primeiras mudas de café plantadas no Brasil foram a São Gonçalo e Resende. No inicio do século XIX São Gonçalo teve relevante participação no cenário político econômico da cidade do Rio de Janeiro. Com os seus produtos abasteceu a mesa dos milhares de portugueses que acompanharam o rei de Portugal, quando fugiu do exército de Napoleão e instalou-se a corte real na cidade do Rio de Janeiro. “São Gonçalo fez bonito, nesse cenário político tão importante para a nossa história”. Alimentou as mais de quinze mil pessoas, junto com a família real, que passou o maior sufoco, quase três meses no mar.

Portanto em 1808 a freguesia de São Gonçalo estava muito bem e em fase de progresso.




Fonte de Pesquisa:
São Gonçalo no século XVII (Salvador da Mata, 1998) acervo Memor
São Gonçalo Suas Histórias e Seus Monumentos (Marcos Vinicius Varella - Nilda F. M. filha1999) Memor.
As Barbas do Imperador (Lilia M. Schwarcz- 1998) Memor
Memórias Históricas do Rio de Janeiro (Monsenhor Pizzarro) Memor
1808 – (Laurentino Gomes- 2007 )

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

SINOPSE HISTORICA DO MUNICIPIO DE SÃO GONÇALO - RJ

O Município de São Gonçalo, integrante do estado do Rio de Janeiro, localiza-se a leste da Baia da Guanabara e tem 251,3 Km de área . Seus limites são ao norte com o município de Itaboraí, ao sul com os municípios de Niterói e Maricá, e a oeste, com a Baia da Guanabara, Possui ao longo de seu litoral (21 Km) de áreas de manguezal e várias ilhas. Seu relevo apresenta três feições distintas: relevo de morros isolados, planícies pluviais fluvio-marinhas e superfícies coluvionares. Tem vários rios, sendo o principal o rio Guaxindiba. Durante os séculos XVII, XVIII e XIX, vários portos foram criados para escoar a produção a produção para a cidade do Rio de Janeiro. A ocupação de seu território passou efetivamente a acontecer como resultado da política portuguesa de povoamento empreendida após a expulsão dos franceses em 1567. Os silvículas presentes em seu território eram os tupinambás (chamados de tamoios os tupinambás mais velhos e fracos, pelas tribos inimigas), que por serem aliados dos franceses, após a expulsão destes em 1567 (vitória sobre Villegaignon), aos poucos dizimados e suas aldeias abandonadas. A partir da expulsão dos franceses, os portugueses adotaram como política de ocupação da região a repartição e distribuição das terras à volta da Baia de Guanabara, dividinda-a em grandes lotes chamados sesmarias. Durante todo o século XVI, os portugueses, franceses e corsários, praticaram intensa exploração extrativista de pau-brasil. Segundo a descrição de Luiz Teixeira, "aqui há pao vermelho" , em seu mapa datado de 1586, podia ser encontrado, principalmente, nos atuais bairros de Jardim Catarina e Guaxindiba (Jardim Bom Retiro). A história do município de São Gonçalo teve seu início efetivo , em 06 de abril de 1579, O fidalgo Gonçalo Gonçalves, natural de Amarante, na cidade do Minho, em Portugal, e morador da cidade do Rio de Janeiro, recebe a doação de uma sesmaria do lado oriental da Baia de Guanabara, medindo 1000 braças(2.200.000 metros Aprox) de frente para o mar por 1500 braças (3.300.000 metros aprox) de fundo para o interior numa região rica em pau-brasil denominada de Birapitanga. Já no século XVII, nas cercanias do rio Guaxindiba. Gonçalo Gonçalves , em 1629, edificou uma capela que dedicou a São Gonçalo. Posteriormente outra capela foi edificada às margens do rio Imboaçú, atual igreja matriz da nossa cidade. Em 10 de fevereiro de 1647, o rei de Portugal assinou o alvará de criação da "Vigairaria da invocação a São Gonçalo, elevando a região à condição de freguesia. Por esta ocasião, a freguesia de São Gonçalo já era muito importante no cenário político colonial. A instalação de vários engenhos com atividades fabris de açúcar e aguardente promoveu a ascensão de várias fregueses que, prejudicados pelas medidas protecionistas da metrópole contra o comércio da cachaça colonial, intentaram, em 1660, uma revolta chamada "revolta da cachaça" ou "bernarda", em que se rebelaram e tomamdo o poder, instalaram um novo governo na província de São Vicente. Com a reação da metrópole, os revoltosos foram presos e seu lider, o gonçalense Jerônimo Barbalho de Bezerra, foi decapitado. Duas outras capelas se destacaram no século XVII: a Capela de Nossa Senhora da Luz, localizada na Praia da Luz e a Capela Nossa Senhora do Rosário, no atual bairro do Engenho Pequeno. Ao longo dos séculos XVI e XVII , vários engenhos se desenvolveram e várias outras capelas e oratórios foramerigidos. Estima-se que existiam cerca de 200 engenhos que produziam, além de cana-de-açúcar , cultivavam cereais. A produção agricola de São Gonçalo foi muito importante para o abastecimento dos mercados da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, e das Minas Gerais, por ocasião da mineração e para a exportação para Portugal. O relatório do Vice-Rei do Brasil, Monsenhor Pizzarro(1779), registrava a produção média de 3.000.000 de arrobas de açúcar por ano, contando com aproximadamente com quase mil escravos distribuidos entre os engenhos. Outro importante fato do século XVIII, nas decadas de 1770, em São Gonçalo, é que juntamente com Resende , foi o berço do café brasileiro. No século XIX, São Gonçalo teve relevante participação no cenário econômico e político. Com seus produtos abasteceu a mesa dos milhares de portugueses que vieram com o rei de Portugal, quando fugiu do exército de Napoleão e se instalou a corte na cidade do Rio de Janeiro. A partir da independência do Brasil, a freguesia de São Gonçalo participou efetivamente da vida política e militar do império. Filhos ilustres como o Visconde Henrique Pedro Carlos de Beaurepaire Rohan e do conde Luiz João Máximo de Beaurepaire Rohan, nascidos na região do atual bairro de Venda da Cruz, além de outros , se destacaram . O mais famoso foi o senhor Belarmindo Ricardo de Siqueira, O Barão de São Gonçalo. Fazendeiro, político, industrial, proprietário de companhias de transporte, foi comandante Superior da Guarda Nacional dos municípios de Magé e Niterói, pertencendo a este a freguesia de São Gonçalo. Era amigo do Imperador Dom Pedro II, recebeu-o por algumas vezes em suas propriedades, na fazenda Bom Retiro. A História de São Gonçalo foi marcada, também, no século XIX, pela construção de pontes e linhas férreas. Em 22 de setembro de 1890, a freguesia de São Gonçalo foi elevada à categoria de Vila, o que correspondia à condição de Município. Na primeira metade do século XX, o município de São Gonçalo ainda era tido como expoente econômico no cenário nacional. O Diretor de Serviços de Inspeção e Defesa Agrícolas, Dr Dias da Cruz, em relatório, dizia que, por excelência,em todo o Brasil, São Gonçalo era um município fruticultor, e que suas frutas eram muito saborosas. Cultivavam-se goiabas, abacaxi, bananas, caju, fruta do conde, manga, caqui, melancia, melão, maracujá, coco da Bahia, jabuticaba, abacate, laranjas e limões de muitas variedades. A horticultura, com couves, nabos, nabiças, alfaces, repolhos, pimentões, pimenta, jilós, chuchus, cenouras,abóboras,aipim, batatas doces, quiabo, pepinos , além de ouitros, abastecia o mercado interno e externo, como Niterói e Rio de Janeiro. A população era forte e corada, e não havia desocupado, segundo o relatório. O parque industrial de São Gonçalo era considerado o mais importante do Estado do Rio de Janeiro e expressiva relevância em âmbito nacional, a ponto de o município ser chamado de Manchester Fluminense. A crise econômica que marcou o mundo após a segunda guerra mundial afetou também, a economia de São Gonçalo. Apesar do declínio econômico, o município se apresenta como uma das regiões metropolitanas do Estado do Rio de Janeiro com maior potencial de crescimento. Com uma população aproximadamente de mais de um milhão de habitantes, é o segundo maior município do Estado do Rio de Janeiro e o decimo quarto do Brasil em número de habitantes. Possui, também, o terceiro maior ìndice de potencial de consumo do Estado.

O município está apenas a 28 Km da capital do Estado, sua localização proorciona fácil acesso a outras cidades do Estado e demais regiões do Brasil. Cortada pelas rodovias BR 101(Niterói-Manilha), RJ 104(Niterói-Itaborai), RJ 106(São Gonçalo-Maricá), tem facilitado o escoamento de seus produtos para grandes centros urbanos. Há grandes expectativas quanto à construção da linha metroviária e da estação das barcas, ligando as cidades de São Gonçalo e Rio de Janeiro. A construção do São Gonçalo Shoping Rio, às margens da BR 101, com a instalação de muitas empresas de grande porte, aumentou a oferta de emprego para o setor terciário, atualmente característica peculiar da economia gonçalense, e incentivará o crescimento econômico do município. Assim sendo, acredito que no século XXI, para a nossa cidade voltar a brilhar no cenário nacional e atender às necessidades impostas pelo futuro e a perspectiva de crescimento, é preciso investir na melhor e maior ferramenta que nosso município pode ter: a educação.


Reinaldo Henrique Salvino. Professor e pesquisador de História de São Gonçalo.

Professor da EM Raul Veiga , das séries iniciais e de quinta a oitava série

Vice-Coordenador do Curso de História e Geografia do Instituto Histórico e Geográfico de São

Gonçalo.


Fontes de pesquisa.


Mata e Silva-Salvador - São Gonçalo no século XVI, XVII E XVIII.

Carvalho Braga_Maria Nelma- O município de São Gonçalo e sua História.

Macedo Varella- Marcos Vinícius-Nilda Ferreira - São Gonçalo suas Histórias e seus

Monumentos.

domingo, 10 de agosto de 2008

Inico do Blog

A Família Real desembarca na corte (1808) e como estava a cidade de São Gonçalo, RJ?

Aqui iremos falar destas histórias a respeito do nosso amado municipio.